domingo, 28 de abril de 2019

Uma Sereia Negra

Essa é a Sereia Negra! 

Modelo Rillary Louise O. Santos do Nascimento 

                  Instagran: @rillarylouis


Miss Brasil Teeneger Best Elegance 2015.





Maquiagem: Gabriela Marinho
 (O Instagram do studio é: @gabrielamarinho.makeup).

O PBAR vai contar a história dessa bela jovem paranaense que descobriu em si a beleza da cultura negra.


Entrevista realizada em 28 de janeiro de 2019 - Paranaguá/PR.

PBAR: Como você iniciou a sua carreira como modelo? 

Modelo Rillary: Bom, comecei fazendo curso de modelo e manequim e então a partir daí entrei em concursos de Miss, concorri nesses concursos por 2 anos e nesse tempo conquistei 9 títulos, tanto na minha cidade quanto no Estado e tive uma participação no Miss Brasil Teeneger e ganhei o título de Miss Teeneger Brasil Best Elegance 2015.

PBAR: Por que você parou de modelar e desfilar?

Modelo Rillary: Encerrei minhas participações por motivo de estudos, agora com duas faculdades (Biomedicina e Biologia)  não consigo conciliar meus horários para continuar participando dos eventos.

PBAR: Como surgiu a ideia desse personagem "Sereia Negra"?

Modelo Rillary: Como estou de férias, a Gabi (maquiadora) que me maquiou "a sereia", teve essa ideia e eu logo de cara aceitei.

PBAR: Quem é a Gabi? 

Modelo Rillary: Eu e a Gabi nos conhecemos no vôlei o qual joguei por 5 anos e também participei de competições por todo o Estado. Como o carnaval está chegando e o povo gosta das makes artísticas, a Gabi maquiadora foi atrás de inspirações pra maquiar modelos. Viu que grande parte das modelos eram padronizadas, loiras, olhos claros, então pensou, por que não inovar e maquiar a pele negra? Foi a chance que tivemos de sair do padrão mitológico e até mesmo estético aos quais ligam sereias à pele clara, então, Gabi estudou combinações para que a sereia negra pudesse ser real e me convidou para ser a sua modelo.

PBAR: Como você lida com esse tema "beleza"?

Modelo Rillary: Como nem tudo são flores, quando criança passei por vários problemas, tantos físicos, quanto emocionais. Aos 9 anos comecei a ter problemas de saúde, anemia e colesterol alto, nesse tempo eu engordei bastante e sofria muito por ser criança e ter que usar roupas adultas. Sofri muito bullyng, não só por ser gordinha mas também por ser negra e ter cabelos cacheados/crespos. Com 11 anos minha avó (Conceição Oliveira Santos) falece e tudo isso se tornou uma bola de neve, passei a sofrer de bulimia, não conseguia comer e o pouco que comia eu não conseguia manter em meu organismo. Emagreci 11 kg em menos de 2 meses. E no meio desse processo eu alisei meu cabelo. Com  ingresso no curso de modelo, tudo começou a mudar, fui a São Paulo em 2015 fazer alguns testes para agências de lá, a raiz do meu cabelo já estava uns 3 meses no natural mas ainda não tinha decidido passar pela transição. Nesse dia, em São Paulo, um avaliador de uma agência me analisou e disse que me aceitaria lá no ano seguinte, porém ele me queria lá com os cabelos naturais.
Foi aí que comecei a transição capilar. O que aquele homem disse pra mim naquele dia, me fez ver que eu deveria me aceitar como sou, pois eu tinha mudado quem eu era porque a sociedade achava que aquilo não era bonito, eu não estava prestando atenção no que eu achava de mim e o que me fazia realmente feliz. O processo foi longo e em 2016 cortei meu cabelo bem curtinho e assumi o meu black. A partir daí, tudo tem acontecido como uma maravilha, lutas vão e vem e nós nunca seremos bons o suficiente para os outros, mas devemos olhar para nós mesmos e ver se somos suficientes para nós mesmos, todos temos uma beleza, todos temos algo de bonito independente do que os outros achem. Hoje curso Biomedicina da universidade positivo de Curitiba e Ciências biológicas na Unespar em Paranaguá. Estou completamente realizada comigo e com o que faço, me encontrei como pessoa e como profissional. E é claro, não podemos esquecer que temos um Deus que nos ajuda em tudo e que nos guia e guarda constantemente e os nossos familiares que nos amam e lutam nossas guerras junto conosco e sou muito grata por Deus ter me colocado nessa família maravilhosa que tem homens e mulheres negras/negros de fibra que lutam pelos seus ideais e direitos e me ensinaram a ser o que sou hoje.

PBAR: Rillary, o Ponto de Cultura Boneca Africana Rana agradece tua gentileza em nos dar essa entrevista, pois muitas jovens, principalmente meninas negras, poderão ler seu depoimento e se identificarem com sua história de superação e isso poderá ajudá-las a passar por suas experiências com mais força, porque é desta forma, unidas, que superaremos os obstáculos que enfrentamos nessa sociedade tão excludente. Ficamos felizes em saber que em breve teremos mais uma jovem biomédica e bióloga negra ocupando espaços que dificilmente nos vemos lá. E também muito orgulhosos por você representar a nossa Beleza Negra, mostrando a "nossa cara" nos concursos de beleza do Brasil. Sucesso na tua caminhada.


Sereia Negra

Sereia Negra


Maquiagem e fotos: Maquiadora Gabriela Marinho
Modelo: Rillary Louise O. Santos do Nascimento

quarta-feira, 17 de abril de 2019

O Projeto Boneca Africana Rana apoiando o Novembro Negro no município do Rio Grande/RS.

Novembro Negro discutirá políticas públicas para a população negra e combate ao racismo

A abertura oficial do “Novembro Negro” da Prefeitura deste ano acontecerá no próximo dia 10 de novembro, às 19h30, no Salão Nobre da Prefeitura. Este ano o calendário de atividades está sendo realizado através de uma ação intersecretarias, envolvendo as Secretarias de Educação (SMEd), da Cultura (SeCult), do Turismo (SMTel), da Saúde (SMS), de Cidadania e Assistência Social (SMCAs), de Serviços Urbanos (SMCSU) e Desenvolvimento Primário (SMDP).
“A precursora da realização do Novembro Negro em Rio Grande foi a direção da Escola Viva, através da diretora da instituição Maria de Lourdes Scouto e do professor Marcelo Studinski, em 2014. A partir daquele ano a programação vem tomando cada vez mais forma e envolvendo novos parceiros”, explicou a assessora pedagógicas das Relações Étnico Raciais da SMEd, Ingrid Oliveira Santos Costa, que é também membro do COMDESCON.
Na programação desta edição estão inclusas atividades como o Quitanda Cultural com a temática afro, a realização do “Praça Negra”, com oficinas turbante, consumo de plantas medicinais, rodas de conversa e shows musicais, no dia 20 de novembro.
Os três eixos trabalhados este ano pelo Novembro Negro serão: relatos de experiências, consciência negra na comunidade escolar; políticas públicas, a caminho da igualdade racial e combate ao racismo, visibilidades às lutas de raça, gênero e classe.
Durante o evento haverá o lançamento de um livro sobre a escrita feminina negra, intitulado “Perspectivas Femininas Afro-Brasileiras”, além da exposição de trabalhos nas escolas da Rede Municipal de Ensino.
“Buscamos com essa programação, acima de tudo, promover o trabalho dos rio-grandinos e rio-grandinas negros e aqueles que trabalham com a temática afro, na busca do fortalecimento do combate ao racismo”, pontuou Ingrid.
Apoiam o Novembro Negro deste ano: FURG, PROEXC/NEAB, 18ª Coordenadoria Regional de Educação, IFRS, COMDESCON, Quitanda Cultural, ONG Águas Do Sul (Projeto Boneca Africana Rana), Anhanguera e ARUTEMA.

Assessoria de Comunicação/PMRG 
Postado em: 3 de novembro de 2017