Essa é a Sereia Negra!
Modelo Rillary Louise O. Santos do Nascimento
Instagran: @rillarylouis
Miss Brasil Teeneger Best Elegance 2015.
Maquiagem: Gabriela Marinho
(O Instagram do studio é: @gabrielamarinho.makeup).
O PBAR vai contar a história dessa bela jovem paranaense que descobriu em si a beleza da cultura negra.
Entrevista realizada em 28 de janeiro de 2019 - Paranaguá/PR.
PBAR: Como você iniciou a sua carreira como modelo?
Modelo Rillary: Bom, comecei fazendo curso de modelo e manequim e então a partir daí entrei em concursos de Miss, concorri nesses concursos por 2 anos e nesse tempo conquistei 9 títulos, tanto na minha cidade quanto no Estado e tive uma participação no Miss Brasil Teeneger e ganhei o título de Miss Teeneger Brasil Best Elegance 2015.
PBAR: Por que você parou de modelar e desfilar?
Modelo Rillary: Encerrei minhas participações por motivo de estudos, agora com duas faculdades (Biomedicina e Biologia) não consigo conciliar meus horários para continuar participando dos eventos.
PBAR: Como surgiu a ideia desse personagem "Sereia Negra"?
Modelo Rillary: Como estou de férias, a Gabi (maquiadora) que me maquiou "a sereia", teve essa ideia e eu logo de cara aceitei.
PBAR: Quem é a Gabi?
Modelo Rillary: Eu e a Gabi nos conhecemos no vôlei o qual joguei por 5 anos e também participei de competições por todo o Estado. Como o carnaval está chegando e o povo gosta das makes artísticas, a Gabi maquiadora foi atrás de inspirações pra maquiar modelos. Viu que grande parte das modelos eram padronizadas, loiras, olhos claros, então pensou, por que não inovar e maquiar a pele negra? Foi a chance que tivemos de sair do padrão mitológico e até mesmo estético aos quais ligam sereias à pele clara, então, Gabi estudou combinações para que a sereia negra pudesse ser real e me convidou para ser a sua modelo.
PBAR: Como você lida com esse tema "beleza"?
Modelo Rillary: Como nem tudo são flores, quando criança passei por vários problemas, tantos físicos, quanto emocionais. Aos 9 anos comecei a ter problemas de saúde, anemia e colesterol alto, nesse tempo eu engordei bastante e sofria muito por ser criança e ter que usar roupas adultas. Sofri muito bullyng, não só por ser gordinha mas também por ser negra e ter cabelos cacheados/crespos. Com 11 anos minha avó (Conceição Oliveira Santos) falece e tudo isso se tornou uma bola de neve, passei a sofrer de bulimia, não conseguia comer e o pouco que comia eu não conseguia manter em meu organismo. Emagreci 11 kg em menos de 2 meses. E no meio desse processo eu alisei meu cabelo. Com ingresso no curso de modelo, tudo começou a mudar, fui a São Paulo em 2015 fazer alguns testes para agências de lá, a raiz do meu cabelo já estava uns 3 meses no natural mas ainda não tinha decidido passar pela transição. Nesse dia, em São Paulo, um avaliador de uma agência me analisou e disse que me aceitaria lá no ano seguinte, porém ele me queria lá com os cabelos naturais.
Foi aí que comecei a transição capilar. O que aquele homem disse pra mim naquele dia, me fez ver que eu deveria me aceitar como sou, pois eu tinha mudado quem eu era porque a sociedade achava que aquilo não era bonito, eu não estava prestando atenção no que eu achava de mim e o que me fazia realmente feliz. O processo foi longo e em 2016 cortei meu cabelo bem curtinho e assumi o meu black. A partir daí, tudo tem acontecido como uma maravilha, lutas vão e vem e nós nunca seremos bons o suficiente para os outros, mas devemos olhar para nós mesmos e ver se somos suficientes para nós mesmos, todos temos uma beleza, todos temos algo de bonito independente do que os outros achem. Hoje curso Biomedicina da universidade positivo de Curitiba e Ciências biológicas na Unespar em Paranaguá. Estou completamente realizada comigo e com o que faço, me encontrei como pessoa e como profissional. E é claro, não podemos esquecer que temos um Deus que nos ajuda em tudo e que nos guia e guarda constantemente e os nossos familiares que nos amam e lutam nossas guerras junto conosco e sou muito grata por Deus ter me colocado nessa família maravilhosa que tem homens e mulheres negras/negros de fibra que lutam pelos seus ideais e direitos e me ensinaram a ser o que sou hoje.
PBAR: Rillary, o Ponto de Cultura Boneca Africana Rana agradece tua gentileza em nos dar essa entrevista, pois muitas jovens, principalmente meninas negras, poderão ler seu depoimento e se identificarem com sua história de superação e isso poderá ajudá-las a passar por suas experiências com mais força, porque é desta forma, unidas, que superaremos os obstáculos que enfrentamos nessa sociedade tão excludente. Ficamos felizes em saber que em breve teremos mais uma jovem biomédica e bióloga negra ocupando espaços que dificilmente nos vemos lá. E também muito orgulhosos por você representar a nossa Beleza Negra, mostrando a "nossa cara" nos concursos de beleza do Brasil. Sucesso na tua caminhada.
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Sereia Negra |
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Maquiagem e fotos: Maquiadora Gabriela Marinho
Modelo: Rillary Louise O. Santos do Nascimento